
Ousa Pensar! Edição 2026
Ciclo de conferências para as escolas
A 6.ª edição do ciclo de conferências para as escolas decorrerá de janeiro a março de 2026. Seis convidados dinamizarão sessões com exploração de temáticas diversas, ainda que partilhem o intuito de continuar a desafiar os jovens alunos a pensar e a discutir filosoficamente sobre situações e interpelações do quotidiano.
A presente edição prevê a implementação de um outro modelo que se designa de “Conferência de Imprensa”. Nesta modalidade, e tendo como base o tema de referência e resumo propostos pelo comunicador, os alunos antecipam um conjunto de questões, a colocar num formulário elaborado para o efeito. As questões formuladas serão previamente enviadas ao dinamizador da sessão e podem servir de base a um diálogo que se pode prolongar durante a sessão. O formato permanece integralmente digital e a modalidade pode variar de sessão para sessão (apresentação e debate ou Conferência de Imprensa).
SESSÕES
Sessões a realizar às terças e quintas-feiras, às 10h15 e às 14h30. Cronograma final a definir até meados de outubro de 2025.
Inscrição gratuita para as escolas participantes. Consulte abaixo as indicações para a inscrição da sua escola.
Inscrições AQUI (acesso para as inscrições a disponibilizar até meados de outubro).
PROGRAMA
Sessão 1 | 15 janeiro de 2026 | 10h15
Sílvia Bento
Da beleza e do amor: Uma perspetiva filosófica
No início, era o Mito (o Mito, “o nada que é tudo”, tal como escreveu Fernando Pessoa): a Mitologia Grega oferece-nos múltiplos episódios nos quais os conceitos de beleza e de amor se intersetam. Com efeito, no plano mítico, a beleza, tal como o encantamento que decorre da contemplação do belo, anunciam-se como motivos de infortúnio, ruína e destruição evoquemos, a este respeito, os episódios do “Pomo da Discórdia” ou do “Julgamento de Páris”, as causas míticas da Guerra de Tróia. Tal como nos conta a Ilíada, foi a beleza (a beleza de uma mulher, Helena) que esteve na origem da mortal guerra de Tróia. Eis os perigos da beleza: a devastação, a guerra e a morte — assim é no plano mítico. A interseção entre beleza e o amor é muitíssimo antiga e, no âmbito da cultura grega, podemos encontrá-la não somente na mitologia, mas também na filosofia. Os gregos tinham uma palavra para designar esse amor da beleza — o amor aos belos corpos: eros, o desejo amoroso. O que é o eros, ou o desejo amoroso? Em que consiste o amor aos belos corpos e a experiência de maravilhamento que decorre da contemplação do belo sensível? A Filosofia, em contraste com a cultura mítica, procurou desenvolver esforços para dotar de razão, ou de temperança e de moderação, tais experiências (perigosas, funestas) da beleza e do desejo amoroso, segundo um propósito de i) disciplinar e bem orientar a alma daquele que ama para o bom governo, ou boa regulação, dos impulsos sensíveis e de ii) alcançar os elementos metafisicamente superiores e inteligíveis, dos quais a beleza sensível ou corporal é apenas um reflexo. Trata-se, pois, de um eros eminentemente filosófico. Esta sessão debruçar-se-á sobre tais conceitos — beleza e amor — do ponto de vista da Mitologia e da Filosofia gregas, tendo como principal objetivo fornecer ao auditório uma breve introdução às posições desenvolvidas por Platão nos diálogos Banquete e Fedro. É a designada erótica platónica que pretenderemos explorar nas suas linhas de pensamento fundamentais.
Sessão 2 | janeiro de 2026 |
David Erlich
O sentido da vida
A vida tem sentido? O que entendemos por sentido quando nos perguntamos pelo sentido da vida? Haverá alguma relação entre o sentido da vida, o valor e a objetividade?
Sessão 3 | 29 janeiro de 2026 | 10h15
Artur Galvão
Onde a razão se não ouve, tolo é quem se não cala: Uma defesa da racionalidade na era do emotivismo
Na filosofia, tal como noutras áreas da vida, os movimentos pendulares tendem a surgir constantemente. Após um período da modernidade onde a razão silenciou, ou secundarizou, a emoção, seguiu-se o advento do romantismo e da valorização da afeição. Atualmente, os apelos emocionais, muitos deles marcadamente falaciosos, parecem dominar o discurso de uma sociedade contemporânea cada vez mais histriónica e onde a racionalidade parece estar ausente. Ainda é possível defender-se a racionalidade? Existem critérios para avaliar racionalmente teorias e posições em confronto? O objetivo desta sessão é o de responder positivamente a estas duas questões, bem como propor uma via pela qual a razão e o coração são indispensáveis ao desenvolvimento adequado de uma visão da racionalidade com aplicabilidade no mundo contemporâneo.
Sessão 4 | fevereiro de 2026 (data a definir) | 14h30
João Rebalde
Título (a disponibilizar)
Resumo (a disponibilizar)
Sessão 5 | março de 2026 (data e hora a definir)
Nuno Fadigas
Título (a disponibilizar)
Resumo (a disponibilizar)
Sessão 6 | Data e hora a definir
Luís Veríssimo
Prever o mal e pretender o mal: Uma análise crítica da Doutrina do Duplo Efeito
De acordo com uma interpretação comum, a Doutrina do Duplo Efeito (DDE) diz-nos o seguinte: Uma pessoa pode legitimamente realizar um ato que previsivelmente terá um bom e um mau efeito se, e só se: 1. o ato for bom em si mesmo; 2. o bom efeito seja pretendido; 3. o mau efeito não seja pretendido nem como fim, nem como meio; 4. o bom e o mau efeito sejam proporcionais. A DDE tem sido utilizada para justificar a realização de atos que possuem consequências negativas, apelando ao facto de estas serem meramente previstas, mas não intencionadas (ou pretendidas) pelo agente, servindo, assim, para justificar as nossas intuições antagónicas em certos casos típicos: agressão em legítima defesa-agressão deliberada; trolley-homem gordo; histerectomia-craniotomia; bombardeamento estratégico-bombardeamento aterrorizador. Um dos problemas que a teoria enfrenta é o chamado “problema da proximidade”. Este problema surge porque a intenção de um agente pode sempre ser especificada de forma tão precisa que acaba por eliminar a intenção de prejudicar de, virtualmente, qualquer ação possível, incluindo os casos típicos que, supostamente, sustentam a adoção da DDE, em primeiro lugar. Será que a distinção entre prever o mal e pretender o mal tem alguma relevância moral? Será que nunca devemos pretender o mal? Será que existe alguma definição dos conceitos aqui envolvidos (como o conceito de “intenção”, por exemplo) que nos permita afastar o problema da proximidade? Será que é possível reformular a DDE para dar conta desse problema? Será que devemos abrir mão da DDE e substituí-la por um princípio alternativo que seja capaz de lidar melhor com este tipo de problemas?
DINAMIZADORES
Artur Ilharco Galvão é professor auxiliar convidado na Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Católica Portuguesa. Aí leciona, entre outras disciplinas, as de epistemologia, filosofia da ciência, filosofia da linguagem e investigação orientada I e II. É investigador no Centro de Estudos Filosóficos e Humanísticos, onde tem trabalhado nos âmbitos da racionalidade, virtudes e verdade. É membro da direção da Revista Portuguesa de Filosofia e integra a equipa coordenadora do 1º Ciclo em Filosofia.
David Erlich é professor de Filosofia no ensino secundário. Licenciado em Ciência Política com minor em Filosofia, Mestre em Filosofia e Mestre em Ensino de Filosofia, cuja classificação final o incluiu no Quadro de Mérito da NOVA FCSH, em que cursou o ano curricular do Doutoramento, na especialidade de História da Filosofia, obtendo o diploma em Estudos Avançados. Participou em diversas publicações e conferências académicas e educacionais, nomeadamente no Festival Literário Internacional de Óbidos, no Humanorama – Festival de Conversas do Rock in Rio, nas Leya Talks, no TedX Alcobaça ED e na conferência “Wonder, Education and Human Flourishing”, organizada pela Universidade Livre de Amesterdão. Poeta com três livros publicados. Integra o grupo de reflexão “O Futuro Já Começou”, que funciona junto do Presidente da República. Publicou recentemente, na editora Planeta, o livro A Bebedeira de Kant – e outros 49 episódios da história da filosofia para pensar a sorrir, que vai na segunda edição, e é coautor do podcast Isto Dá que Pensar, da Antena 1.
João Rebalde é professor auxiliar do Departamento de Filosofia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. A sua atividade de investigação centra-se nas áreas da Filosofia Antiga e Medieval, Ética Ambiental e Filosofia da Tecnologia. No âmbito destas áreas é autor de várias publicações.
Luís Veríssimo é licenciado em Filosofia – Ramo Educacional e Doutorado em Filosofia pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Professor de Filosofia do Ensino Secundário. Autor de manuais escolares e outros materiais didáticos para a disciplina de Filosofia.
Nuno Fadigas é licenciado em Filosofia pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e mestre e doutor em Filosofia pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto. É formador de professores na área da Filosofia e leciona atualmente no ensino secundário.
Sílvia Bento é professora puxiliar do Departamento de Filosofia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, onde tem vindo a lecionar, desde 2014, as disciplinas de Estética e Filosofia da Arte, Filosofia Moderna e Filosofia da História da Filosofia. É, também, membro integrado do Instituto de Filosofia da Universidade do Porto, desenvolvendo a sua investigação académica em torno da filosofia e da estética alemãs. É autora do livro O Pensamento Estético de Theodor W. Adorno: Um estudo em torno das relações entre Filosofia, Arte e Subjetividade (coleção Estética, Política e Artes – FLUP, 2023) e do artigo “Beyond the Ancient and the Modern: Thinking the Tragic with Williams and Kitto” (Topoi, 2024).
SESSÕES E INSCRIÇÃO DAS ESCOLAS
Sessões
Com uma hora de duração, as sessões decorrem por videoconferência, na plataforma Zoom, independentemente da modalidade (cerca de 15 minutos para debate, nesta modalidade).
Presença de até 10 escolas por sessão em simultâneo.
Cada escola definirá a organização interna, com possibilidade de até 8 acessos por cada escola.
Inscrição
Data limite das inscrições: até 30 de novembro de 2025.
As escolas serão informadas da efetivação da reserva após esta data.
Possibilidade de aceitação de novas inscrições após essa data, em função do número de reservas efetivadas.
Organização
À Apf compete toda a logística inerente à articulação com os palestrantes e aos procedimentos na plataforma Zoom.
O envio do acesso a cada sessão é efetuado entre 96 a 72h antes da respetiva sessão.
Lembrete a enviar até ao final do dia anterior à realização de cada sessão.
À escola compete assegurar a logística local: ligação à Internet, qualidade do som em sala e a forma de fazer chegar as questões aos palestrantes.
Chat da Zoom disponível para alunos e professores acompanhantes ao longo de toda a sessão.
Related Posts
Comments are closed.