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O estado da arte | Filosofia e Humanidade – Edição 2026

A 7.ª edição do ciclo temático O estado da arte decorrerá a 4, 11 e 18 de maio de 2026, pelas 21h00, por videoconferência (plataforma Zoom).

O convite, lançado a três especialistas nas temáticas em análise e discussão, resultou na organização de sessões destinadas a pensar a relação entre a Filosofia e a Humanidade, mais especificamente sobre a relação com o Eu, o Outro e o Nós a partir de múltiplas perspetivas, nomeadamente a neurofilosofia, as teorias da hospitalidade e a racionalidade.

 

PROGRAMA

 

Sessão 1 | 4 maio 2026 | 21h00

O Eu/Self através da Neurofilosofia e Inteligência Artificial, por Steven Gouveia (FLUP)

 

Sessão 2 | 11 maio 2026 | 21h00

O humano face à alteridade: a hospitalidade difícil, por Gonçalo Marcelo (CECH-FLUC e Católica Porto Business School)

 

Sessão 3 | 18 maio 2026 | 21h00

Racionalidade como logo-simpatia: O ‘eu’ e o ‘outro’ na interseção do ’nós’ comunitário, por Artur Galvão (Universidade Católica de Braga)

 

Destinatários

Docentes, estudantes e interessados em geral

 

Preçário

Associados com quotas em dia: 24€

Não Associados (docentes e não docentes): 28€

Estudantes em geral: 5€

 

Certificação acreditada

Formação a acreditar na modalidade de Formação de Curta Duração, junto do CFAE Beira Mar, para efeitos da carreira docente (apenas para docentes do sistema de ensino não superior português, em exercício de funções confirmável por uma escola pública ou privada), com a duração de 3h. A Apf fornecerá ao CFAE parceiro as informações necessárias para a emissão dos certificados de formação, que ficarão acessíveis aos docentes, no final do processo, na área reservada de cada formando em “Histórico”, na plataforma do referido CFAE. Para obter a acreditação, é necessária Conta de docente na plataforma do CFAE Beira Mar (AQUI).

Certificação de participação

Certificado de participação será emitido pela Apf para todos os participantes que não reúnam condições ou não pretendam certificação de curta duração.

 

Resumos e notas biográficas dos palestrantes

Racionalidade como logo-simpatia: O ‘eu’ e o ‘outro’ na interseção do ’nós’ comunitário, por Artur Galvão

A rejeição contemporânea da metafísica traz consigo consequências inevitáveis para a auto-imagem da humanidade. Em particular para os processos de compreensão, da construção e/ou da descoberta do ‘eu’, do ‘outro’ e do ’nós’ comunitário. Se nada há de essencial, que prima facie unifique o ser humano em torno de características comuns, então, como é possível desenvolver projetos coletivos? Como é possível falar em nome de um nós comum? Ou, mais radicalmente, como é possível reconhecer a existência e a dignidade de outros enquanto seres humanos? Proponho-me refletir sobre o repensar da humanidade a partir do pensamento neopragmático de Richard Rorty e da filosofia aristotélico-tomista de Alasdair MacIntyre. Malgrado as profundas divisões entre eles, o reconhecimento da pura e inevitável contingência une-os enquanto pressuposto inescapável a partir do qual histórica e narrativamente se tem de pensar a humanidade. Adotando ambos uma conceção logo-simpática da racionalidade, oferecem duas abordagens antagónicas sobre o modo como o ‘eu’ e o ‘outro’ são pensados a partir de – e em vista do – ‘nós’ comunitário. Defender-se-á que uma perspetiva historicista, biológica e narrativa da humanidade não é incompatível com uma visão metafísica da mesma.

 

Artur Ilharco Galvão é professor auxiliar convidado na Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Católica Portuguesa. Aí leciona, entre outras disciplinas, as de epistemologia, filosofia da ciência, filosofia da linguagem e investigação orientada I e II. É investigador no Centro de Estudos Filosóficos e Humanísticos, onde tem trabalhado nos âmbitos da racionalidade, virtudes e verdade. É membro da direção da Revista Portuguesa de Filosofia e integra a equipa coordenadora do 1.º Ciclo em Filosofia.

 

O humano face à alteridade: a hospitalidade difícil, por Gonçalo Marcelo

Esta comunicação toma como ponto de partida a centralidade da resposta à alteridade como sendo definidora da própria noção de humanidade. Encontramos, desde a Antiguidade clássica, um ideal de formação que projeta na noção de humanidade um fim a cumprir e não meramente uma noção descritiva de uma espécie. Esse ideal está, por sua vez, na raiz da chamada formação humanista, e que se encontra na origem das humanidades modernas. Nele encontram-se duas teses: 1) as humanidades têm que ver com a compreensão da alteridade em todas as suas facetas, e só essa compreensão trará o sentido da humanidade em toda a sua pluralidade. Daí que uma das principais tradições de definição das humanidades lhes conceda um estatuto epistemológico centrado na noção de interpretação, e que se tenda, nessa tradição, a subsumir história, estudos literários, culturais e religiosos como tantas outras tentativas de compreensão da alteridade nas suas múltiplas facetas; 2) ser-se ‘humano’ corresponde não tanto a uma essência quanto a uma atitude, vinculada a valores éticos de respeito por outrem e de acolhimento da alteridade. Ora, é sob este último ponto de vista que se podem compreender as filosofias da hospitalidade, sobretudo na tradição da filosofia europeia, de Derrida a Richard Kearney, passando por Paul Ricœur. A comunicação apresentará, então, a resposta das filosofias da hospitalidade à injunção da alteridade, relembrando o pano de fundo da sua tensão com a hostilidade e concetualizando uma hospitalidade difícil, mas necessária.

 

Gonçalo Marcelo é doutorado em Filosofia Moral e Política pela FCSH da Universidade Nova de Lisboa (2014). Foi investigador visitante em Paris (Fonds Ricoeur), Lovaina (Université Catholique de Louvain) e Nova Iorque (Columbia University). Atualmente, é Professor Convidado na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e na Católica Porto Business School. É investigador integrado e Vice-Coordenador do Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos (CECH) da Universidade de Coimbra, membro do Conselho Científico do Fonds Ricoeur e colunista d’O Jornal Económico. Os seus principais interesses e publicações estão nas áreas da filosofia social e política, ética, hermenêutica e teoria crítica.

 

O Eu/Self através da Neurofilosofia e Inteligência Artificial, por Steven Gouveia

A noção de “eu” ou “self” ocupa há séculos um lugar central na filosofia da mente, e os avanços recentes na neurociência e na inteligência artificial têm reformulado profundamente esse conceito. Do ponto de vista da neurofilosofia, o self vem sendo compreendido menos como uma entidade metafísica unificada e mais como um processo dinâmico e emergente, constituído por mecanismos de cognição corporificada, dinâmica de redes neuronais e inferência preditiva. Abordagens como o Princípio da Energia Livre e a Inferência Ativa propõem que o Eu seja modelado como um sistema gerativo e auto-organizado, que busca minimizar incertezas diante de seu ambiente. Em paralelo, os desenvolvimentos em inteligência artificial — especialmente em modelos de larga escala e agentes sintéticos — levantam a possibilidade de formas mínimas ou funcionais de self emergirem também em sistemas não biológicos. Em vez de manter uma divisão ontológica rígida entre inteligências humanas e artificiais, propostas contemporâneas sugerem concepções graduais e operacionais de self, em que aspectos como perspectiva, autonomia e integração são centrais. Com base numa abordagem integradora, esta palestra explora como o conceito de Eu pode ser reconceituado a partir da convergência entre neurofilosofia e estudos sobre inteligência, abrindo novas possibilidades para repensar subjetividade, agência e individuação cognitiva.

 

Steven S. Gouveia é doutor em Neurofilosofia pela Universidade do Minho, Portugal. Realizou estágios de investigação na Minds, Brain Imaging and Neuroethics Unit da Universidade de Ottawa, no Canadá. Atualmente, é Investigador Contratado no grupo Mente, Linguagem e Ação do Instituto de Filosofia da Universidade do Porto, onde lidera um projeto de seis anos sobre Ética da Inteligência Artificial na Medicina. É autor e editor de 14 livros académicos, incluindo “Philosophy & Neuroscience: A Methodological Analysis” (2022) e “The Odyssey of the Mind: Dialogues on the Brain and Consciousness” (2024), este último com contribuições de figuras como David Chalmers, Karl Friston, Christof Koch e o Sir Roger Penrose. Em 2023, foi nomeado Professor Honorário da Faculdade de Medicina da Universidade Andrés Bello, no Chile. Seus interesses de investigação abrangem neurofilosofia, filosofia da mente, ética aplicada, inteligência artificial e teoria democrática. Mais informações: https://stevensgouveia.weebly.com/

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