
Ousa Pensar
Nesta iniciativa a Apf pretende apresentar aos jovens estudantes do ensino secundário outras formas de conhecerem o pensamento filosófico.
Oradores convidados, especialistas em diversas áreas da Filosofia, interpelarão os alunos e deixar-se-ão interpelar para trazer à discussão outras perspetivas e outros desafios sobre o pensamento filosófico sobre o mundo, para além dos que exploram nas aulas de Filosofia.
Ciclo de conferências para escolas | Edição 2 | Janeiro a março de 2022
(veja as indicações para a inscrição da sua escola infra)
Sessão 1 | 20 de janeiro de 2022 | 10h15
Artur Galvão
Somos os Últimos Humanos? Considerações sobre o Redesenhar a Humanidade
As propostas de melhoramento humano são tão antigas quanto a história da humanidade. Desde a epopeia de Gilgamesh até aos sonhos de Hollywood, os seres humanos têm sonhado com a possibilidade de redesenharem o seu corpo e a sua mente. Na presente comunicação, abordaremos a possibilidade do redesenhamento humano e a proposta do pós-humanismo, a ideia de que dispomos das tecnologias que nos permitem tomar conta do processo evolutivo dirigindo-o (via cibernética ou engenharia genética) para a construção do além-humano. Seremos nós as últimas gerações de humanos? Como gostaríamos que os nossos filhos fossem? Que sociedade e humanidade visualizamos no futuro?
Artur Galvão é professor Assistente Convidado na Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Católica Portuguesa (Braga). Leciona as unidades curriculares de Epistemologia, Filosofia da Ciência, Filosofia da Linguagem, Lógica Informal e Argumentação e Investigação Orientada 1 e 2. Leciona/ou múltiplas unidades opcionais e seminários em áreas como Filosofia e o Amor, Filosofia no Cinema, Teorias da Racionalidade, Filosofia da Mente e Ciências Cognitivas. Tem feito pesquisa no âmbito do pragmatismo e do pensamento tomista, tendo-se especializado no pensamento filosófico de A. MacIntyre e R. Rorty. É membro do Centro de Estudos Filosóficos e Humanísticos. É secretário da Revista Portuguesa de Filosofia. Tem organizado e participado em congressos internacionais, realizado múltiplas conferências e organizado e orientado múltiplas ações de formação de professores e de profissionais do mundo empresarial. Tem colaborado com conferências e workshops em escolas secundárias de todo o país.
Sessão 2 | 20 de janeiro de 2022 | 14h30
Francisco Oliveira
A tirania do algoritmo e a saída neocínica
Da teoria das ideias e da condenação da matéria à desconfiança na inteligência artificial e ao resgate da natureza, eis um título mais longo alternativo para a comunicação proposta. Em termos de percurso, trata-se de dar conta da matriz logocêntrica em que assenta a civilização ocidental, desde Platão, que condena a matéria e por isso expulsa os artistas da polis, aos inebriantes sistemas de Inteligência artificial que mantêm sob vigilância apertada os cidadãos das cidades dos nossos dias. Em termos de objetivos, trata-se de denunciar os perigos de uma civilização centrada no poder ilimitado do algoritmo. Uma civilização que reclama, por isso, não vá fazer-se tarde, pela reassunção da nossa condição animal/natural desde muito cedo recalcada. Uma viagem, pois, que tanto nos leva a revisitar Diógenes, o filósofo-cão, Nietzsche e Bataille, ambos empenhados em denunciar os limites do logos, assim como Peter Sloterdijk, o filósofo neocínico, herdeiro legítimo do primeiro e leitor atento dos segundos.
Francisco Oliveira nasceu em 1971. É professor de Filosofia e Mestre em Estética e Filosofia da Arte pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde defendeu a tese Bataille e a Sombra de Breton. Entre 2001 e 2015 dedicou-se ao estudo das interferências entre a Psicanálise e a Literatura, em articulação com o Centre d’Anthropologie Littéraire – Université Paris 7, a propósito do que fez várias comunicações. Publicou artigos em Philosophica, do Departamento de Filosofia daquela Faculdade, em Gradiva, Revue Européene d’Anthropologie Littéraire, em Literature and Psychoanalysis, na edição da Cinemateca Portuguesa dedicada a César Monteiro, entre outros. Traduziu Madame Eduarda de Georges Bataille, que adaptou para versão ilustrada com desenhos de Miguel Rocha, para quem também já escreveu um argumento original – malitscka; traduziu Jouer Juste de François Bégaudeau, que adaptou para teatro sob o título de Jogo Limpo; assim como traduziu La Leçon de Choses de Stéphane Ferret e Traité d’athéologie de Michel Onfray, ambos editados pela ASA. There are no masochists e A besta que há em mim assinalam o seu regresso ao registo das intervenções: a primeira sobre Venus in Furs de Sacher Masoch e o filme homónimo de Victor Nieuwenhuis, em Changing times – performances and identities on screen, um congresso internacional na Faculdade de Letras; a segunda sobre o cinismo de Peter Sloterdijke, no âmbito de Animals like us, um projeto multidisciplinar com curadoria de Elisa Ochôa. Entre 2014 e 2016 fez investigação histórica e escreveu argumento para D. Fradique, um documentário de Nathalie Mansoux. Em 2017 escreve Eczema, texto para teatro, levado à cena pelo Projecto Ruínas com estreia nos Artistas Unidos. Em 2019 escreve Eva, também para teatro e para a mesma companhia. Em 2020-2021 é professor de Filosofia no projeto #estudo em casa.
Sessão 3 | 22 de fevereiro de 2022 | 10h15
Aires Almeida
O valor da arte: Mozart contra Quim Barreiros
Muitas pessoas consideram que não é correto comparar o incomparável. Talvez tenham razão. De facto, não se vê bem qual o interesse ou a utilidade de comparar pedras com animais, rios com edifícios ou música com carpintaria. Mas será completamente disparatado comparar as obras de Mozart com as cantigas de Quim Barreiros? Há quem considere que sim, que é uma comparação disparatada, alegando que Mozart e Quim Barreiros produzem coisas muito diferentes: ao passo que Mozart se destacou por ter criado obras de arte, Quim Barreiros não é sequer um artista. Mas será isto correto?
Aires Almeida é professor na Escola Secundária Manuel Teixeira Gomes, em Portimão. Mestre em Filosofia pela Universidade de Lisboa e membro do Centro de Filosofia da mesma universidade. É autor e coautor de vários livros de filosofia, entre os quais “O valor cognitivo da arte” e “Janelas para a Filosofia” e de manuais escolares de Filosofia. É o atual coordenador da coleção “Filosofia Aberta” da Gradiva.
Sessão 4 | 22 de fevereiro de 2022 | 14h30
Carlos Café
Diz-me o que ouves, dir-te-ei quem és!
A Música está omnipresente no dia-a-dia das nossas alunas e dos nossos alunos, de telemóvel na mão e phones nos ouvidos. É, também, um traço distintivo das suas preferências, estilos de vida e personalidades. Diz-me o que ouves, dir-te-ei quem és! – quase se poderia dizer. É habitual o recurso a antologias de textos fornecidas pelos manuais. Pretendo mostrar que uma playlist de músicas sugeridas e analisadas ao longo do ano pelo professor e pelos alunos pode ser tão rica, de um ponto de vista filosófico, como a melhor das antologias. E pode ficar disponível no Spotify para ser ouvida na sala de aula, no campo ou na praia, no autocarro ou no ginásio, numa caminhada matinal ou à noite ao adormecer… Nietzsche afirmou que a vida sem a Música seria um erro. Não estou certo disso. Mas estou convicto de que ensinar Filosofia ignorando a Música é, decerto, um erro.
Carlos Café é natural de Évora, é professor do quadro da Escola Secundária Manuel Teixeira Gomes, em Portimão. Licenciado pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto em 1984, concluiu o Mestrado em Filosofia da Natureza e do Ambiente pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa em 2006. Foi bolseiro do Ministério da Educação e tem duas obras de vocação didática publicadas. É formador certificado pelo CCPFC em áreas de Filosofia, Educação e Valores. Tem proferido palestras e orientado ações de formação sobre didática da filosofia. No âmbito do E@D, publicou dois artigos em duas obras coletivas editadas em formato e-book pela Faculdade de Educação e Psicologia da Universidade Católica Portuguesa, ambas com coordenação de José Matias Alves e Ilídia Cabral: – “7 tweets para uma jovem colega”, in ENSINO REMOTO DE EMERGÊNCIA. Perspetivas pedagógicas para a ação, Porto, 2021; – “Em busca do tempo perdido – Diálogo sobre as tentações do pós-pandemia”, in NO REGRESSO À ESCOLA – Reimaginar e praticar uma gramática generativa e transformacional, Porto, 2021.
Sessão 5 | 17 de março de 2022 | 9h30
Luís Veríssimo
O que faz com que uma pessoa seja a mesma ao longo do tempo?
As questões sobre a nossa identidade numérica assumem todas a seguinte forma. Temos dois modos de referir uma pessoa e perguntamos se esses são dois modos de referir a mesma pessoa. […] Nas questões mais importantes deste género, os dois modos de referir uma pessoa captam uma pessoa em momentos diferentes. […] Estas são questões sobre a identidade ao longo do tempo. Para responder a estas questões, temos de conhecer o critério da identidade pessoal: a relação entre uma pessoa num momento e uma pessoa noutro momento que faz delas uma e a mesma pessoa (PARFIT: 1984).
Luís Veríssimo é doutorando em Filosofia na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Investigador do Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa. Publicou artigos de Filosofia em revistas internacionais de especialidade. É autor de manuais escolares do Ensino Secundário das disciplinas de Filosofia e Psicologia, bem como de materiais didáticos. Leciona cursos de formação em Lógica, Ética, Metafísica e Filosofia da Religião. Formador do Curso de Introdução à Metaética Contemporânea na Faculdade de Letras da Universidade do Porto.
Sessão 6 | 17 de março de 2022 | 14h30
António Paulo Costa
O relativismo moral face à questão migratória
António Paulo Costa é professor no Agrupamento de Escolas de Miranda do Corvo, com exercício da atividade docente nos setores público e privado, é membro da Associação Internacional de Professores de Filosofia. Licenciado em Filosofia – Ramo de Formação Educacional, pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, desempenhou funções no Gabinete de Avaliação Educacional e no IAVE, I.P.. Longa experiência profissional em cargos vários de natureza pedagógica e desempenho de funções de liderança em órgão de gestão, durante um ano. Formador de professores acreditado pelo CCPFC nas áreas da Didática e da Avaliação das Aprendizagens em Filosofia, é autor de comunicações e workshops diversos, autor e tradutor de artigos ou partes de obras científicas e co-autor de documentos orientadores, de um manual e de um dicionário escolar na área da Filosofia. Ex-membro da Direção da Sociedade Portuguesa de Filosofia e co-fundador do Centro para o Ensino da Filosofia da SPF. Nos últimos anos tem desempenhado funções de tutoria junto de alunos refugiados sírios e sudaneses.
SESSÕES E INSCRIÇÃO DAS ESCOLAS
As sessões decorrerão através da plataforma Zoom. Se necessário, e em função da situação pandémica, poderão migrar para o youtube, em edição streaming.
Terão a duração de 60 minutos, 15 a 20 dos quais para debate entre os palestrantes e os alunos, pelo que será fundamental que os professores preparem esses momentos de debate.
Cada sessão poderá abarcar até 10 escolas em simultâneo. Cada escola definirá a organização interna, podendo ser possíveis até 8 acessos em cada escola.
A Apf informará as escolas da efetivação da reserva após 30 de novembro de 2021. Poderão ser aceites novas inscrições após essa data, em função do número de reservas efetivadas.
A Apf assegurará toda a logística inerente à articulação com os palestrantes e respetivos honorários, a abertura da sessão na Zoom e envio do link para acesso à sessão. A escola assegura a logística local, nomeadamente a ligação à Internet, a qualidade do som em sala e a forma de fazer chegar as questões aos palestrantes. Poder-se-á utilizar o chat da Zoom.
Inscrições até 30 de novembro de 2021: AQUI
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