O trabalho filosófico: metodologias para o ensino do filosofar | Edição 2024
A 6.ª edição do ciclo temático O trabalho filosófico: metodologias para o ensino do filosofar decorrerá a 11, 18 e 25 de novembro de 2024, pelas 21h00, por videoconferência.
O desafio, lançado a quatro convidados, consiste na apresentação de situações de aprendizagem que são base do seu trabalho docente, com vista ao desenvolvimento de um pensamento autónomo. Uma vez que não há consenso entre os professores acerca dos meios para que tal aconteça, a presente edição deste ciclo temático pretende constituir uma oportunidade para se refletir sobre possíveis metodologias para o ensino do filosofar facilitadoras do desenvolvimento de um pensamento inquisitivo e flexível.
PROGRAMA
Sessão 1 | 11 novembro 2024 | 21h00
Introdução à metodologia cooperativa Kagan, por David Erlich
Sessão 2 | 18 novembro 2024 | 21h00
Inquisitividade: Desenvolver a virtude do questionamento na sala de aula, por Artur Galvão
Sessão 3 | 25 novembro 2024 | 21h00
Discussões filosóficas em sala de aula, por Rafaela Baganha
Destinatários
Docentes e estudantes. Interessados em geral.
Preçário
Associados com quotas em dia: 20€
Não Associados: 25€
Estudantes, com comprovativo de matrícula: 5€
Formação a acreditar na modalidade de Formação de Curta Duração, pelo CFAE Beira Mar, para efeitos da carreira docente (apenas para docentes em exercício de funções confirmável por uma escola pública ou privada do sistema de ensino não superior português), com a duração de 3h.
Para obter esta acreditação, será necessário o registo na plataforma do CFAE Beira Mar.
A Apf fornecerá ao CFAE Beira Mar as informações necessárias para a emissão dos certificados de formação, que se encontrarão, no final do processo, na área reservada de cada formando em “Histórico”.
Emissão de certificados de presença, pela Apf, para os que não reúnam condições ou não pretendam certificação de curta duração.
Palestrantes e resumos
Artur Ilharco Galvão
Inquisitividade: Desenvolver a virtude do questionamento na sala de aula
Karl Jaspers, no clássico Iniciação à Filosofia, define a atividade filosófica do seguinte modo: “Filosofar significa estar-a-caminho. As interrogações são mais importantes do que as respostas e cada uma destas transforma-se em nova interrogação”. Esta é uma caracterização da Filosofia genericamente incontroversa, pois o espanto, a curiosidade e o questionamento sobre as preocupações e interesses do ser humano – nas suas mais variadas vertentes – constituiu, e continua a constituir, o âmago da prática filosófica. Contudo, apesar deste reconhecimento generalizado, muito do trabalho e do ensino da filosofia continua dominado por aquilo que R. G. Collingwood, já em 1939, designou por ‘lógica da proposição’, isto é, a excessiva valorização das respostas em detrimento das perguntas. Nesta abordagem, a proposição é concebida como a unidade do pensamento e do conhecimento, constituindo-se no foco central, por vezes até exclusivo, da filosofia e do seu ensino. As interrogações tendem a ser reduzidas a um papel meramente secundário ou acessório, ao serem pensadas como óbvias e perenes, ou como simples pontos de partida. Este cenário é evidente quando olhamos para o que se pede nos processos avaliativos dos alunos: o domínio das teorias (o conjunto das proposições) dos autores do passado e/ou do presente. O objetivo desta sessão é o de propor um diferente trabalho pedagógico na sala de aula e reforçar a ideia da filosofia como atividade questionadora. Nesse sentido, procurar-se-á compreender os elementos inerentes à inquisitividade (curiosidade e questionamento), a distinção entre inquisitividade virtuosa e viciosa, a exemplaridade do professor e a importância do agir repetido.
Artur Ilharco Galvão é docente na Faculdade de Filosofia e Ciência Sociais, da Universidade Católica Portuguesa – Braga. Integra a direção da Revista Portuguesa de Filosofia e o Centro de Estudos Filosóficos e Humanísticos. Entre outras, leciona as unidades curriculares de Epistemologia, Filosofia da Ciência e Filosofia da Linguagem.
David Erlich
Introdução à metodologia cooperativa Kagan
A metodologia Kagan oferece uma abordagem inovadora e eficaz, aplicável ao ensino da filosofia no nível secundário. Complementar ou substitutiva do modelo tradicional de ensino, onde o professor é o principal provedor de conhecimento, a metodologia Kagan promove a interação entre os alunos, encorajando-os a aprender uns com os outros através de atividades colaborativas estruturadas.
No contexto da filosofia, essa abordagem é particularmente benéfica. A filosofia, sendo uma disciplina que valoriza o pensamento crítico, a argumentação e a reflexão, encontra um terreno fértil na aprendizagem cooperativa. As estruturas cooperativas Kagan permitem que os alunos discutam conceitos filosóficos em pares ou pequenos grupos, promovendo um ambiente onde a troca de ideias e a argumentação são incentivadas.
Essa dinâmica de maximização do engajamento do estudante num pequeno grupo, não só reforça a compreensão dos conteúdos, mas também desenvolve competências de comunicação e pensamento crítico. Além disso, a metodologia Kagan ajuda a criar um ambiente de sala de aula mais motivador, onde todos os alunos têm a oportunidade de participar ativamente e contribuir com as suas perspetivas.
David Erlich é licenciado em Ciência Política com minor em Filosofia, Mestre em Filosofia e Mestre em Ensino de Filosofia, com menção no Quadro de Mérito da NOVA FCSH, instituição em que cursa o Doutoramento em Filosofia. Antes de iniciar a carreira docente em 2017, estando ao serviço do Ministério da Educação desde 2019, em acumulação com uma escola do setor particular, trabalhou seis anos no setor da animação socioeducativa em contexto escolar. Participou em diversas publicações e encontros sobre Filosofia e Educação, nomeadamente a conferência académica “Wonder, Education and Human Flourishing”, na Universidade Livre de Amesterdão. Mantém o canal de YouTube “A Tua Filosofia”.
Rafaela Baganha
Discussões filosóficas em sala de aula
A Hermenêutica, entendida como uma apropriação do sentido do texto, preocupa-se com aquilo que o autor pretendia transmitir com a sua obra e com o sincronismo do entendimento do leitor. Como o texto filosófico não é passível de ser interpretado sem conhecimento prévio dos pressupostos que o sustentam, cabe ao professor da disciplina de Filosofia proporcionar toda a informação que é essencial como pré-requisito para que seja possível interpretar os autores a estudar: transmitir os contextos aos alunos, a época em que o texto foi redigido, sendo que muitas vezes analisamos obras à distância de séculos, e a clarificação de conceitos nucleares que facilitam a leitura e análise da mensagem.
Trabalhando os textos filosóficos em aula, o processo de compreensão torna-se cada vez mais capaz e autónomo pela potenciação da interação entre o texto, que é interpretado, e o aluno, que faz essa interpretação, progredindo na sua apropriação autónoma do sentido do texto. A aquisição de competências permite admitir que existe compreensão, sendo que todas as interpretações são, de alguma forma, pessoais. Pela existência desta condição subjetiva, o contacto com o texto filosófico é fundamental para o caminho a traçar por cada aluno no campo da filosofia.
O objetivo é que cada estudante crie relações de sentido com aquilo que lê, ao invés de uma trasladação do conhecimento das obras por parte do professor para os alunos sem que estes tenham contacto com os diferentes autores que estudam em filosofia.
Rafaela Baganha nasceu a 21 de novembro de 1992, em Viana do Castelo. Licenciada em Filosofia na Faculdade de Letras da Universidade do Porto e pós-graduada em Património Cultural pelo Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho. Iniciou a atividade profissional como docente em 2021, na Escola Secundária Júlio Dantas, onde lecionou até 2023. O gosto em ensinar impulsionou a sua decisão em prosseguir com esta atividade, encontrando-se a frequentar o último ano do Mestrado em Ensino de Filosofia no Secundário no Instituto de Educação da Universidade do Minho.
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