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Inteligência artificial e filosofia | ENPF 2024

A APF – Associação de Professores de Filosofia e a SPF – Sociedade Portuguesa de Filosofia organizam o Encontro Nacional de Professores de Filosofia, a decorrer por videoconferência, na plataforma Zoom, no dia 19 de outubro de 2024.

 

Os diferentes sistemas de Inteligência Artificial (IA) generativa sucederam-se vertiginosamente no último ano, passando rapidamente dos geradores de texto para geradores de imagens, áudio e vídeo a partir de comandos simples. Esta vertigem traduz-se num sem número de artigos, livros, podcast, programas de televisão e rádio em que se discute o impacto da IA por todos os contextos de ação.

 

No domínio da educação, sucedem-se os cursos e os eventos para a maximização da utilização da IA no trabalho do aluno e do professor e é quase unânime a ideia de que é urgente o desenvolvimento de uma literacia para a inteligência artificial. Nesta discussão, o uso da IA para a avaliação e o plágio são temas recorrentes, conquanto, do ponto de vista ético e da agência humana, talvez não sejam os mais relevantes.

 

Estes, e outros temas, constituem o pano de fundo que propomos para uma discussão filosófica sobre o impacto político e ético da IA em geral e em particular na educação.

 

Para além das comunicações, este Encontro é constituído por duas mesas-redondas que decorrerão sob a forma de diálogo entre os moderadores e os oradores convidados e os participantes.

 

PROGRAMA

Dia 19 de outubro de 2024

09h00 Palavra de boas-vindas

09h15 Abertura | Inteligência Artificial: aplicações, implicações e especulações, por Arlindo Oliveira (Instituto Superior Técnico)

 

10h15 Intervalo

 

10h45 Mesa-redonda 1: Inteligência artificial e sociedade

Moderador: Sérgio Lagoa (Apf)

António Barata Lopes

Cecília Tomás (Universidade Aberta)

Luís Moniz Pereira (Nova Lisboa)

Ricardo Jorge Santos (Faculdade de Ciências e Tecnologias – Universidade de Coimbra)

 

12h45 Almoço

 

14h15 Mesa-redonda 2: Inteligência artificial e educação

Moderadores: André Barata (SPF) e Isabel Bernardo (Apf)

Adelina Moura (Plano Nacional de Leitura | PNL2027)

Eusébio Machado (Universidade Portucalense)

Sílvia Dias (Universidade de Lisboa)

 

16h15 Pausa

 

16h20 Encerramento | Ricardo Cruz (Universidade Aberta)

 

17h30 Encerramento dos trabalhos

 

DESTINATÁRIOS

Docentes

Estudantes

Não docentes, interessados em geral

 

PREÇÁRIO

Associados da Apf ou da SPF com quotas em dia: 45€

Não Associados (docentes e não docentes): 55€

Estudantes, com comprovativo de matrícula: 10€

Aposentados: 20€

 

CENTRO DE FORMAÇÃO

CFAE Beira Mar, Figueira da Foz

Formação a acreditar na modalidade de Formação de Curta Duração, para efeitos da carreira docente (apenas para docentes do sistema de ensino português), com a duração de 6h.

 

Certificados

 

Os inscritos que solicitarem acreditação terão, após a conclusão do evento e depois da reunião do Conselho de Diretores da Comissão Pedagógica do CFAE, na sua área de formando, na plataforma do CFAE Beira Mar, o certificado de ação de curta duração (ACD).

O acesso ao certificado de formação supõe a existência de uma conta de docente na plataforma do CFAE Beira Mar, pelo que a criação da conta terá de ser efetuada antes do encerramento do Encontro (se ainda não for detentor da referida conta).

 

Certificado de participação no Encontro será enviado, por via digital, a todos os inscritos que não solicitarem, ou não poderem obter, certificado na modalidade ACD.

 

NOTAS BIOGRÁFICAS DOS PALESTRANTES E MODERADORES E RESUMOS

 

Adelina Moura

Licenciada em Ensino do Português e Francês, DESE em Administração Escolar, Mestrado em Supervisão Pedagógica doEnsino do Português e Doutoramento em Ciências da Educação, na especialidade de Tecnologia Educativa. Tem vindo a desenvolver investigação na área do Mobile Learning, com várias publicações em Portugal e no estrangeiro. É docente do ensino básico e secundário, tutora de cursos de formação a distância do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua e formadora da formação contínua de professores, em didáticas específicas (Português e Francês) e tecnologia educativa. É investigadora integrada do grupo de I&D – GILT (Games Interaction and Learning Technology), sedeado no Instituto Superior de Engenharia do Porto, e membro do grupo LabTE (Laboratório de Tecnologia Educativa), da Universidade de Coimbra. É colaboradora do Plano Nacional de Leitura 2027.

 

André Barata

Nasceu em Faro, em 1972. Doutorou-se em Filosofia Contemporânea na Universidade de Lisboa. É professor catedrático de filosofia na Universidade da Beira Interior, onde dirige atualmente a Faculdade de Artes e Letras e coordena o Praxis – Centro de Filosofia, Política e Cultura. Também preside à Sociedade Portuguesa de Filosofia. Os seus interesses académicos circulam pela filosofia social e política e pelo pensamento fenomenológico e existencial. Assina regularmente colunas no Jornal Económico e no Público. Publicou vários livros de ensaio, como “Metáforas da Consciência” (Campo das Letras, 2000), sobre o pensamento de Jean-Paul Sartre, “Mente e Consciência” (Phainomenon, 2009), conjunto de ensaios sobre filosofia da mente e fenomenologia, “Primeiras Vontades – sobre a liberdade política em tempos árduos” (Documenta, 2012). Mais recentemente publicou na Documenta uma trilogia – “E se parássemos de sobreviver – Pequeno livro para pensar e agir contra a ditadura do tempo” (2018); “O Desligamento do mundo e a questão do humano” (2020) e “Para viver em qualquer mundo – Nós, os lugares e as coisas” (2022).

 

António Lopes

Licenciado em Filosofia pela Universidade Católica Portuguesa e mestre na mesma área pela Universidade Nova de Lisboa. Nos últimos anos tem trabalhado em mobilidade curricular na Agência Nacional para a Qualificação e Ensino Profissional (ANQEP), sendo, presentemente, docente do Grupo 410 na Escola Secundária Padre António Vieira.

Como autor, publicou os romances “Como se Fosse a Última Vez”, “O Vale da Tentação” e “Um Passo em Falso” pela editora Parsifal. Além disso, é coautor do livro “Animais que Ficaram para a História”, publicado pela Editora Manuscrito, uma chancela do Grupo Presença, e da obra “Máquinas Éticas: Da Moral da Máquina à Maquinaria Moral”, publicada pela Nova-FCT Editorial, com versão inglesa na Editora Springer. Colaborou também em vários artigos sobre IA, Ética e Sociedade.

Na qualidade de Formador de Docentes, tem trabalhado regularmente com o Centro de Formação António Sérgio, ministrando formações sobre impactos e usos possíveis da IA na área da Educação.

 

Arlindo Oliveira

Nasceu em Angola e viveu em Moçambique, Portugal, Suíça, Estados Unidos, Japão e China. Licenciou-se em Engenharia Electrotécnica e de Computadores pelo Instituto Superior Técnico (IST) e doutorou-se na mesma área pela Universidade da Califórnia em Berkeley, com uma bolsa Fulbright. Foi professor convidado do MIT e investigador do INESC, do CERN, do Electronics Research Laboratory da UC Berkeley, dos Berkeley Cadence Laboratories e da Universidade de Tóquio. É professor distinto do IST, presidente do INESC, professor convidado da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau, administrador não executivo da Caixa Geral de Depósitos e investigador do INESC-ID. Publicou quatro livros, traduzidos em diversas línguas, e centenas de artigos científicos em revistas e conferências internacionais da especialidade, nas áreas dos algoritmos, inteligência artificial, aprendizagem automática, bioinformática e arquitectura de computadores. Foi administrador de diversas empresas e instituições, assim como presidente do Instituto Superior Técnico, do INESC-ID e da Associação Portuguesa para a Inteligência Artificial. É membro da Academia da Engenharia, do Conselho Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, do Conselho Consultivo do Painel de Ciência e Tecnologia do Parlamento Europeu (STOA), do IEEE e da ACM. Recebeu diversos prémios e distinções, entre os quais o prémio Universidade Técnica de Lisboa/Santander por excelência na investigação. Nos seus (limitados) tempos livres gosta de esquiar, fazer caminhadas, jogar xadrez e ténis, e também de especular sobre o futuro da humanidade.

 

Título: Inteligência Artificial: Aplicações, Implicações, Especulações

Resumo: Recentes avanços nos campos da inteligência artificial (IA) e aprendizagem automática estão a revolucionar a economia e a sociedade. Sistemas baseados em IA estão a encontrar inúmeras aplicações em marketing, vendas, saúde, finanças, educação, transporte, logística, design e até na investigação científica. Num futuro próximo, sistemas baseados nestas tecnologias poderão substituir uma fração significativa dos trabalhadores em muitos empregos e funções. A aprendizagem automática, uma tecnologia que está no cerne dos recentes desenvolvimentos da IA, permite aos computadores aprenderem a partir da experiência e abre caminho para mudanças ainda mais radicais na forma como interagimos com as máquinas. As tecnologias de aprendizagem profunda permitem-nos abordar novos problemas nas áreas da visão e da linguagem, com muitas aplicações em análise e automação. Algoritmos e arquiteturas recentemente desenvolvidos ampliaram grandemente o alcance das técnicas de aprendizagem profunda e tornaram esta tecnologia diretamente aplicável a muitos negócios. Resultados recentes obtidos com modelos de linguagem de grandes dimensões baseados em transformadores, redes neuronais convolucionais, aprendizagem profunda por reforço e difusão inversa trouxeram este tópico para o centro da atenção pública e terão, sem dúvida, muitos impactos práticos, sociais e filosóficos num futuro próximo. No futuro, a pesquisa em IA pode até abrir a porta para a inteligência artificial geral (AGI), que nos permitiria criar mentes digitais, sistemas tão inteligentes, poderosos e conscientes quanto a mente humana. Se chegarem a existir, quais serão as implicações sociais, legais e éticas?

 

Cecília Tomás

Doutora e Mestre em Ciências da Educação na área da Educação a Distância e e-Learning pela Universidade Aberta, pós graduada em Educação para a Cidadania, especializada em Educação Especial e licenciada em Filosofia pela Universidade Católica, é docente da rede pública de ensino e investigadora integrada do Laboratório de Educação a Distância da Universidade Aberta. Com escritos na área da educação, nomeadamente da personalização, da internet das coisas, da filosofia na rede, da ética na educação e na investigação e, ainda, de práticas diferenciadas em educação, os seus maiores interesses vivem do cruzamento entre ética, educação e tecnologia.

 

Eusébio André Machado

Licenciado em Filosofia pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto e Mestre em Filosofia da Educação pela Universidade do Minho. Doutorado em Educação pela Universidade do Minho e detentor de um DEES (Diploma Europeu de Estudos Superiores) pela Université Pierre Mendès-France (Grenoble). É professor auxiliar convidado da Universidade Portucalense (Porto), sendo docente do Mestrado em Inovação em Educação. Foi formador do Programa Pestalozzi, do Conselho da Europa, e é membro e representante de Portugal no Conselho de Administração da ADMEE – Europa (Association pour le Développement des Méthodologies d’Évaluation en Éducation). É o coordenador nacional do Projeto MAIA da Direção-Geral da Educação. Autor e coautor de vários livros e artigos científicos na área da educação, em particular no âmbito da avaliação, formação de professores, supervisão e políticas educativas. A mais recente publicação intitula-se Trabalho Docente na Era Digital (2023).

 

Isabel Bernardo

Licenciada em Filosofia pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e Doutorada em Multimédia em Educação, pela Universidade de Aveiro, com investigação em Didática da Filosofia com integração de pensamento crítico e tecnologias digitais. Tem uma pós-graduação em Gestão de Bibliotecas Escolares pela Universidade Aberta. Professora do ensino secundário e professora bibliotecária. É coautora de um manual escolar e autora de diversos artigos em didática da Filosofia. Tem dado formação de professores em didática da filosofia, educação e formação de adultos, bibliotecas escolares, competências digitais e autonomia e flexibilidade curricular. Dinamizadora do projeto “Literacias na escola: formar os parceiros da biblioteca” do qual faz parte “O aprendiz de investigador” (aprendizinvestigador.pt). Mentora, desde janeiro de 2024, do Open Education for a Better World (OE4BW) da UNESCO. Mentora do 17th ASEF Classroom Network (#ASEFClassNet17), subordinado ao tema “Learning about AI and Learning with AI”.

 

Luís Moniz Pereira

Professor Catedrático Emérito da Universidade Nova de Lisboa e docente aposentado do seu Departamento de Informática.

Presidente fundador da Associação Portuguesa para a Inteligência Artificial (APPIA) em 1984, eleito Fellow da Associação Europeia de IA (EurAI) em 2001, doutorado Honoris Causa pela U. T. de Dresden em 2006, eleito membro da Asia-Pacific Artificial Intelligence Association (AAIA), e eleito membro da Academia Europaea em 2023.

Recebeu os prémios: Ciências Lógicas-Dedutivas da Fundação Gulbenkian em 1984, e do governo português: Boa Esperança em 1994, Estímulo à Ciência em 2005, e Medalha Nacional de Mérito Científico em 2019.

A sua investigação foca-se na representação do conhecimento e raciocínio, na programação em lógica, nas ciências cognitivas e na teoria dos jogos evolucionários. CV mais completo em http://userweb.fct.unl.pt/~lmp/

 

Ricardo Cruz

Investigador no Laboratório de Educação a Distância e E-Learning (LE@D), nas áreas da Tecnologia Educativa e Inteligência Artificial na educação. Formador de professores nas áreas da Inteligência Artificial na educação e didática das metodologias ativas de aprendizagem. Autor de manuais escolares do ensino secundário. Diploma de Estudos Avançados (DEA) em Didáticas das Línguas, Especialidade de Português Língua Materna, pela Universidade Aberta. Encontra-se a concluir o doutoramento em Didáticas das Línguas, pela Universidade Aberta, em associação com a Universidade Nova de Lisboa, sobre a didatização da Inteligência Artificial.

CV: https://ricardocruz.eu/

 

Título: A IA e a autonomia do ser humano: admitir, limitar ou integrar?

Resumo: A relação entre a autonomia do ser humano e a Inteligência Artificial (IA) nos contextos educativo e quotidiano é de crescente relevância. A autonomia, fundamental para uma aprendizagem autorregulada e para o pensamento crítico, pode ser potencialmente ampliada através da IA. Alguns exemplos incluem a utilização de tutores inteligentes e de sistemas de avaliação automática, que fornecem *feedback* personalizado e adaptam os recursos educativos às necessidades dos alunos, promovendo um ambiente de aprendizagem individualizado.

Contudo, o uso da IA traz riscos, como a dependência tecnológica e a perda de competências críticas, entre outros. Por isso, é essencial desenvolver estratégias para equilibrar a utilização da IA e a preservação da autonomia humana. Tal implica uma integração consciente e intencional desta tecnologia, evitando uma delegação acrítica, mas sem que se caia numa perspetiva maniqueísta da negação da IA, enquanto fonte de todos os males ou da sua adoção absoluta, enquanto salvação para todos os males da humanidade. Além disso, a implementação da IA na educação levanta desafios éticos e práticos, como a privacidade dos dados e a equidade no acesso à tecnologia, entre outros. A análise destes desafios é crucial para garantir uma aplicação ética e justa desta tecnologia.

Existem recursos didáticos baseados em IA que já demonstram resultados concretos, incentivando a interação e o envolvimento dos alunos e promovendo contextos significativos de aprendizagem.

Em suma, é fundamental promover uma abordagem equilibrada e crítica na utilização da IA, para uma coexistência harmoniosa entre a tecnologia e autonomia humana.

 

Sérgio Lagoa

Professor no ensino secundário. Licenciado em Filosofia, em 1995, pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Mestre em Pedagogia do E-Learning, com incidência em identidade digital e avaliação online, e Mestre em Ensino de Filosofia no Ensino Secundário sobre metodologias de trabalho colaborativo e ferramentas online na Didática da Filosofia. Tem como principal interesse a Didática da Filosofia e é editor do site “Páginas de Filosofia”.

 

Sílvia Dias

Licenciada em Filosofia pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e com Especialização no Ensino da Filosofia (RFE) pela mesma instituição. Atual mestranda no Mestrado de Educação, com especialização em Inovação Pedagógica no Instituto de Educação, da Universidade de Lisboa, a desenvolver tese sobre o desenvolvimento profissional de professores, com aplicação do Estudo de aula num contexto interdisciplinar. Professora de Filosofia e Psicologia desde 2007, tendo passado por várias escolas, mas estando desde essa data até hoje a colaborar com os Salesianos de Manique, escola de contrato de associação na zona de Cascais, instituição onde se apaixonou pela Filosofia e, acima de tudo, pela educação.

 

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