
Avaliação para as aprendizagens em Filosofia
“Avaliação para as aprendizagens em Filosofia”
O disposto no Decreto-Lei n.º 55/2018, de 6 de julho obriga a uma reconfiguração das práticas de avaliação das aprendizagens. Nessa medida, as escolas estão a tomar decisões para a redefinição e operacionalização de critérios de avaliação destinados à implementação de uma conceção pedagógica da aprendizagem..
Neste contexto, a Associação de Professores de Filosofia (Apf) leva a efeito o seminário / debate Avaliação na aula de Filosofia face aos novos desafios de uma avaliação para as aprendizagens, por videoconferência.
Este evento pretende suscitar a discussão a partir da partilha das práticas de avaliação que estão agora a ser implementadas e seu impacto na aula de Filosofia dos 10.º e 11.º anos de escolaridade.
O debate será aberto a todos os participantes que se inscreverem, após a intervenção de alguns professores de Filosofia que irão apresentar práticas e percursos desenvolvidos nas respetivas escolas. No final do debate, duas especialistas em currículo e avaliação farão um balanço reflexivo do discutido, a partir de dois eixos de análise: avaliação e currículo e a dimensão ética da avaliação.
A informação recolhida será a base para a elaboração de um documento de princípios que possa vir a auxiliar os professores de Filosofia na reflexão e a tomada de decisões futuras no que respeita à avaliação interna na disciplina de Filosofia.
Cronograma: dia 9 de julho de 2022, das 9h15 às 13h00
Duração e formato: 3h em videoconferência na plataforma Zoom (o link de acesso será enviado até ao final do dia 8 de julho)
Tópicos:
1. Permanências, resistências e transformações nas práticas de avaliação.
2. Para uma ecologia do ato de avaliar.
3. Avaliação e processos de aprendizagem.
Intervenientes
Parte 1 – Permanências, resistências e transformações nas práticas de avaliação
Ana Isabel Antunes, Agrupamento de Escolas de Tondela – Escola Secundária de Molelos
Ana Paula Domingues, Agrupamento de Escolas de Castelo Branco
António Paulo Costa, Agrupamento de Escolas de Miranda do Corvo
Conceição Moreira, Escola Secundária Filipa de Vilhena
Isabel Bernardo, Escola Secundária Lima-de-Faria, Cantanhede
Sílvia Santos Dias, Salesianos de Manique
Parte 2
Ariana Cosme, Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto
Paula Simões, Diretora dos Serviços de Avaliação Externa do IAVE
Resumos das intervenções
A avaliação influencia e é influenciada pelos processos de ensino aprendizagem, por Ariana Cosme
Uma avaliação pedagógica é uma avaliação que está comprometida com as aprendizagens de todos e de cada um dos alunos. É uma avaliação que não é sinónimo de classificação, mas que se integra e relaciona com os processos de ensino aprendizagem. A avaliação está presente na didática de cada disciplina e nos momentos de articulação curricular e, portanto, ela assume um caráter pedagógico quando os alunos estão a aprender apoiados pela interlocução qualificada dos seus professores e das condições criadas por estes. Temos que assumir que a avaliação será sempre um processo subjetivo porque é resultado de uma construção social realizada pelos sujeitos educativos mas esta assunção não pode dar espaço para que se a entenda como menos rigorosa. O rigor não é sinónimo de números, notas ou escalas, o rigor surge por via da coerência e transparência nos momentos quer de definição quer de operacionalização dos critérios, da seleção e da diversificação das técnicas, instrumentos e tarefas de avaliação.
Para uma ecologia do ato de avaliar, por Paula Simões
Avaliar é um processo. Implica uma série de etapas cujo objetivo é informar a emissão de um juízo de valor ou a tomada de uma decisão sobre o objeto ou o desempenho avaliados. No entanto, o juízo ou a decisão têm impactos que, muitas vezes, não prevemos – impactos que afetam todos os intervenientes no processo e, portanto, também o emissor do juízo ou o decisor. Eticamente falando, como podemos implementar um processo de avaliação sustentável, ou seja, que sublinhe os impactos positivos e minimize os impactos negativos que o processo envolve?
A operacionalização de critérios de avaliação por domínios: a solução ensaiada no Agrupamento de Escolas de Miranda do Corvo (Coimbra), por António Paulo Costa
A conjugação do disposto no Decreto-Lei nº 55/2018 (e outros normativos que o orbitam) com o quadro conceptual do Projeto MAIA tem conduzido a uma mudança perceptível na avaliação das aprendizagens e nos dispositivos que a organizam. Entre tais dispositivos, os critérios de avaliação e de classificação são instrumentos particularmente importantes, na medida em que traduzem a interpretação local de uma filosofia avaliativa, vinculando os diversos atores a práticas pautadas por rigor e coerência e servindo como um indispensável instrumento de informação aos diversos destinatários externos e internos dos agrupamentos e escolas. Contrariando um paradigma de décadas baseado em notas calculadas a partir de resultados obtidos sobretudo em testes, a avaliação por domínios veio trazer uma mudança inicialmente mal compreendida e mal acolhida. Uma das razões deste acolhimento está relacionada com a nossa inexperiência com dispositivos de avaliação organizados por domínios de aprendizagem (procedimentos, instrumentos, matrizes, atividades, critérios, etc.). Nesta comunicação, apresentarei a solução que temos vindo a ensaiar no Agrupamento de Escolas de Miranda do Corvo (Coimbra) desde 2018/19, mostrando como tal solução envolveu, conjugadamente, uma mudança na construção dos instrumentos de avaliação e respetivos critérios, nas práticas de classificação, nas formas de registo e na informação aos destinatários. Darei ainda conta do acolhimento dos alunos e encarregados de educação a esta mudança e aos maiores obstáculos com que nos deparamos.
Avaliar para formar…, por Ana Isabel Antunes
Os normativos legislativos publicados em 2018 apontam para a articulação flexível e contextualizada do currículo com as aprendizagens. Esta articulação pressupõe rigor, alinhamento, autenticidade e inter-relação. Os instrumentos de recolha de informação deverão ser diversos, evidenciando a componente formativa e reguladora da avaliação, contribuindo para o aperfeiçoamento, reformulação, ajustamento e melhoria do sucesso escolar. Há que envolver dialogicamente os alunos no ato educativo e pedagógico através da auto e heteroavaliação crítica e reflexiva do seu percurso, promover as competências evidenciadas no Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade de Obrigatória.
Há vantagens na existência de uma política de avaliação e de classificação?, por Isabel Bernardo
Na sequência da publicação do DL n.º 55/2018, de 6 de julho no Agrupamento de Escolas Lima-de-Faria, Cantanhede deu-se início à definição dos procedimentos de recolha da informação com vista à avaliação. Procurou-se associar a avaliação às atividades de ensino e aprendizagem e definir descritores consonantes com essa associação. O processo tem tido sucessos e insucessos e refinamentos sucessivos. Com base no trabalho que se tem desenvolvido desde 2018, ir-se-á refletir sobre as vantagens e desvantagens de se estabelecer uma política de avaliação e de classificação para o agrupamento.
Intervenientes
Ariana Cosme – É professora na Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação na Universidade do Porto, onde coordena o Observatório de Vida das Escolas integrado no CIIE, Centro de Investigação e Intervenção Educativas. Doutorada em Ciências da Educação pela Universidade do Porto, realizou um Pós-Doutoramento no campo da Formação de Professores na Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Brasil, onde é professora visitante. Autora de obras que se debruçam sobre a problemática da mediação educativa e pedagógica e a reconfiguração da profissão docente, desenvolve essa reflexão, sobretudo no domínio da Escolaridade Obrigatória, o que justifica a intervenção que, neste âmbito, tem vindo a desenvolver como formadora e consultora de Câmaras Municipais, de Escolas inseridas em Territórios socialmente vulneráveis, os TEIPs e em Projetos de Inovação Pedagógica, os PPIPs. Foi consultora do Ministério da Educação para o Programa de implementação do novo modelo de Autonomia e Flexibilidade Curricular na Escola e coordena o estudo avaliativo sobre a implementação e generalização do referido programa.
Paula Simões – Atual Diretora dos Serviços de Avaliação Externa do IAVE, colabora com este instituto público desde 2011 na assessoria técnico-pedagógica. Entre 2009 e 2011, participou em projetos institucionais como investigadora auxiliar (“Ensino Bilingue”) ou como coautora (Metas de aprendizagem para línguas estrangeiras) e de 2013 a 2016 foi gestora do Projeto “Cambridge English for Schools Portugal”, no IAVE, na formação de formadores e classificadores e acompanhando o processo de classificação. Formadora certificada em 3 áreas e domínios (Didáticas Específicas do Inglês e do Alemão, Avaliação e Investigação-ação), foi orientadora de estágio nas variantes de Português-Inglês e Inglês-Alemão e team-leader (formadora de professores classificadores) do teste Preliminary for Schools, em 2015. Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas (variante Inglês – Alemão) pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (UL), em 1986, e Mestre em Ciências da Educação (na especialidade de Avaliação em Educação) pela Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da mesma universidade, em 2006.
António Paulo Costa é professor e coordenador dos diretores de turma do ensino secundário no Agrupamento de Escolas de Miranda do Corvo (Coimbra). É licenciado em Filosofia – Ramo de Formação Educacional – pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, desempenhou funções no Gabinete de Avaliação Educacional e no IAVE, I.P. e foi formador de professores acreditado pelo CCPFC nas áreas da Didática e da Avaliação das Aprendizagens em Filosofia. Foi membro da Direção da Sociedade Portuguesa de Filosofia e co-fundador do Centro para o Ensino da Filosofia da SPF.
Ana Isabel Antunes, é Licenciada em Filosofia (Ramo Educacional) e com Mestrado em Ensino de Filosofia no Ensino Secundário, da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
Isabel Bernardo é professora na Escola Secundária Lima-de-Faria, em Cantanhede. Licenciada em Filosofia pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, tem uma pós-graduação em Gestão de Bibliotecas Escolares pela Universidade Aberta. É coautora de um manual escolar. Tem dado formação de professores em didática da filosofia, educação e formação de adultos, bibliotecas escolares, competências digitais, introdução de dispositivos móveis na educação e autonomia e flexibilidade curricular. Dinamizadora do projeto “Literacias na escola: formar os parceiros da biblioteca” do qual faz parte “O aprendiz de investigador” (aprendizinvestigador.pt). Doutoranda na Universidade de Aveiro no Programa Doutoral Multimédia em Educação, onde desenvolve atualmente investigação no âmbito da Didática da Filosofia.

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