39.º ENCONTRO DE FILOSOFIA | FILOSOFIA E CONFLITO
A Apf – Associação de Professores de Filosofia organiza o 39.º Encontro de Filosofia, sob o tema Filosofia e Conflito, a decorrer no dia 8 de março de 2025, em formato híbrido.
Organizado em torno de dois eixos, o Consenso e a Hospitalidade, neste Encontro pretende-se refletir em que medida a filosofia nos pode trazer representações capazes de superar o dissenso e de acolher o diferente num mundo polarizado e perpassado por conflitos assentes na erosão do outro.
As conferências e os debates presenciais do Encontro decorrem em Coimbra, em local a designar, como por videoconferência.
PROGRAMA – Dia 8 de março de 2025
09h00 Receção dos participantes (presencial)
09h20 Palavra de boas-vindas
09h30 Conferência de abertura, por Alexandre Franco de Sá (FLUC)
10h15 Intervalo
10h45 Mesa-redonda 1: Dissenso/Consenso
Da legitimidade do conflito à necessidade de consensos, por António Rocha Martins (FLUL)
Domingos Faria (FLUP)
Luís Veríssimo (Colégio dos Carvalhos)
Nome em confirmação
12h45 Almoço
14h45 Mesa-redonda 2: Estranho/Hospitalidade
Daniel Innerarity (Universidade do País Basco e Instituto Europeu de Florença)
Gonçalo Marcelo (FLUC)
O acolhimento do Outro: uma abordagem hermenêutica à filosofia do asilo, por Gabriele De Angelis (IFILNOVA, Universidade NOVA de Lisboa)
16h45 Conferência de encerramento, por Viriato Soromenho-Marques (FLUL)
17h30 Encerramento dos trabalhos
18h00 Assembleia Geral da Apf
DESTINATÁRIOS
Docentes, estudantes, interessados em geral
PREÇÁRIO
Associados com quotas em dia: 45€
Não Associados: 65€
Estudantes, com comprovativo de matrícula: 10€
Aposentados: 20€
Certificação
Formação a acreditar na modalidade de Formação de Curta Duração, para efeitos da carreira docente (apenas para docentes do sistema de ensino português), sob o formato de congresso, com a duração de 6h, em parceria com o Cefop.Conimbriga – Centro de Formação de Professores. Os inscritos que solicitarem certificado com acreditação receberão, no endereço eletrónico registado na inscrição, o certificado de formação, após cumprimento dos requisitos legais.
O certificado de participação no Encontro, independentemente do formato (presencial ou digital), será disponibilizado aos inscritos (entrega presencial ou por via postal).
CONFERENCISTAS
Alexandre Franco de Sá é Professor Auxiliar do Departamento de Filosofia, Comunicação e Informação da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e Coordenador do Mestrado em Ensino de Filosofia no Ensino Secundário da mesma faculdade, é Doutor em Filosofia, na especialidade de Filosofia Moderna e Contemporânea, pela Universidade de Coimbra. É Professor Adjunto do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Curitiba, Brasil. Autor de mais de quatro dezenas de artigos publicados em revistas e cerca de três dezenas e meia de capítulos de livros, para além de vários trabalhos em atas de eventos. Orientador de inúmeras dissertações de mestrado e teses de doutoramento, júri de graus académicos, organizador/coorganizador de vários seminários, congressos e encontros, já participou, como conferencista, em inúmeros eventos, em Portugal e no Brasil. Foi Presidente da Direção da Associação de Professores de Filosofia durante uma década (2006-2016). Vice-Presidente da Associação Portuguesa de Filosofia Fenomenológica, é membro da Sociedade Científica da Universidade Católica Portuguesa.
António Rocha Martins é Doutor em Filosofia (Filosofia Medieval), pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (2009). Membro do Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa (CFUL) e de várias associações científicas. Bolseiro de Pós-Doutoramento (2015-2018). Algumas publicações: “The Secretum secretorum and the Idea of Political Happiness in the Latin Middle Ages” (Brepols, 2023, 53-84); “Medieval metamorphoses of ‘Nicomachean ethics’: singular case of Thomas Aquinas” (St. Petersburg-Pskov, 2021, 103-138); “Neoplatonismo Político Medieval: Receção de Proclo” (Philosophica, 29, 9-31); “Receção do Neoplatonismo em Pierre Hadot” (Philosophica, 29, 145-161); “Os nomes divinos — Boaventura e Dionísio Areopagita (a propósito de I Sent., d. 22, a. un., qs. 1-4; I 390a-399b” (Scintilla, 18, 75-86); “Escatologia e Utopia – Mediação da justiça em Agostinho de Hipona e Thomas More” (Universidade de Coimbra, 2021, 41-58); “Ius et Iustitia. The Idea of Justice in Augustine of Hippo’s De Civitate Dei” (Documenta, 2019, 105-129); “The zoon politikon: Medieval Aristotelian interpretations” (RPF, 75, 1539-1574).
Da legitimidade do conflito à necessidade de consensos
A. Touraine, sociólogo contemporâneo, formula como «quadratura do século» a questão que intitula sugestivamente uma das suas últimas obras, «Iguais e diferentes, poderemos viver juntos?» (1997): dilema simultaneamente político e social, cultural e moral, escolar e profissional – cuja solução se apresenta como a única viabilização de um futuro em que continuemos presentes.
Na nossa intervenção articularemos três momentos reflexivos: insuficiência da educação para a cidadania (eliminação do foro individual e formalização da relação ontológica aos outros); importância dos direitos individuais (riscos e vantagens); contributo da Filosofia (primado do logos).
Tentaremos mostrar que dissenso e consenso são recíproca e diversamente indispensáveis para a coexistência das liberdades na constituição de um todo social que consinta a diferença e a autonomia dos seus membros. «Viver juntos» não significa viver da mesma forma ou pensar o mesmo. Mas não poderemos viver juntos sem um interesse comum (inter-homines-esse).
Daniel Innerarity é Professor catedrático de Filosofia Política, investigador “Ikerbasque” na Universidade do País Basco, diretor do Instituto de Governação Democrática e professor no Instituto Europeu de Florença. Foi professor convidado em diversas universidades europeias e americanas, como a Sorbonne, a London School of Economics e a Universidade de Georgetown. Os seus últimos livros são A Política em Tempos de Indignação (2015), A Democracia na Europa (2017), Política para Perplexos (2018), Compreender a Democracia (2018), Uma Teoria da Democracia Complexa (2020) e Pandemocracia. Uma Filosofia da Crise do Coronavírus (2020). É colaborador habitual do “El País”, com artigos de opinião, e outros meios de comunicação.
Domingos Faria é Professor Auxiliar de Filosofia na Faculdade de Letras da Universidade do Porto e Diretor do Mestrado em Ensino de Filosofia no Ensino Secundário. As suas principais áreas de investigação são epistemologia social, epistemologia da educação e filosofia da religião. O seu currículo e as suas publicações científicas estão disponíveis no website: https://dfaria.eu
Gabriele De Angelis doutorou-se na Sant’Anna School of Advanced Studies, em Pisa, Itália, em 2003, depois de terminar uma “Grundständige Promotion” na Ruprecht-Karls-Universität de Heidelberg, Alemanha, em 1999. É um investigador em teoria política e ética aplicada, membro integrado do Instituto de Filosofia da NOVA, coordenador do OutLab (https://ifilnova.pt/en/ laboratories/outlab/ ) e do NOVA Asy lum Pol icy L a b (https://novaasylumpolicylab.com). A sua investigação é dedicada aos bens públicos europeus, e especialmente à governança económica da União Económica e Monetária da União Europeia e às problemáticas do asilo no contexto europeu, que aborda num sentido normativo, quer em relação à legitimidade das relativas instituições, quer em relação à ética subjacente às relações de cooperação (ou de conflito) continental e internacional que caracterizam o fenómeno económico e o fenómeno migratório.
O acolhimento do Outro: uma abordagem hermenêutica à filosofia do asilo
Um hiato singular caracteriza a filosofia contemporânea: enquanto a teorização do problema do relacionamento com o “outro” é quase exclusivamente apanágio da tradição continental, o tema das migrações e do asilo, enquanto abordagem da filosofia dita “aplicada”, é quase inteiramente tratado no âmbito da tradição analítica. Com a sua ênfase na obrigação moral, esta última procura identificar os direitos e os deveres que estados e sociedades têm perante migrantes e refugiados, e vice-versa. Os temas da alteridade, do reconhecimento, e da comunicação através das diferenças são-lhe, todavia, estranhos. Por outro lado, a tradição continental trata, sim, destes temas, mas sem os colocar na concretude do problema específico da presença de cidadãos estrangeiros (salvo poucas notáveis exceções, como por exemplo as anotações de Hannah Arendt sobre o asilo). Com isso, a tradição analítica identifica “direitos formais” (ou “abstratos”, na linguagem hegeliana), sem se perguntar se isso satisfaz de facto os ideais de liberdade e igualdade que ela pretende alcançar. Por outro lado, a tradição continental teoriza, do ponto de vista de “escolas” e abordagens filosóficas diferentes, um conjunto de relações (bem sucedidas ou falhadas que sejam) de reconhecimento, de comunicação, de “hospitalidade”, que resultam igualmente abstratas, na medida em que não incluem a especificidade de questões que se colocam em contextos históricos e sociais específicos. A presente comunicação pretende sugerir uma metodologia que consiga ultrapassar o estágio da (diferente) abstração das duas tradições através de uma abordagem ao problema específico da alteridade da pessoa refugiada, uma abordagem que assenta na hermenêutica filosófica gadameriana, aproveitando também algumas intuições provenientes de abordagens feministas que foram desenvolvidas no âmbito da antropologia.
Gonçalo Marcelo é doutorado em Filosofia Moral e Política pela FCSH da Universidade Nova de Lisboa (2014). Foi investigador visitante em Paris (Fonds Ricoeur), Lovaina (Université Catholique de Louvain) e Nova Iorque (Columbia University). Atualmente, é investigador contratado pelo Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos, da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, onde também é docente. Os seus principais interesses e publicações são nas áreas da filosofia social e política, hermenêutica e teoria crítica. É também membro do Seminário de Jovens Cientistas da Academia das Ciências de Lisboa e investigador dos projetos “The Relation Between Epistemic Injustice and Recognition Theory”(Alemanha) e PRECARITYLAB (Espanha). Publica um ensaio mensal n’O Jornal Económico.
Luís Veríssimo é doutorado em Filosofia na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Investigador do Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa. Publicou artigos de Filosofia em revistas internacionais de especialidade. É autor de manuais escolares do Ensino Secundário das disciplinas de Filosofia e Psicologia, bem como de materiais didáticos. Leciona cursos de formação em Lógica, Ética, Metafísica e Filosofia da Religião.
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