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37.º Encontro de Filosofia | Filosofia e Arte

 

A Apf – Associação de Professores de Filosofia organiza o 37.º Encontro de Filosofia, sob o tema Filosofia e Arte, a decorrer no dia 25 de fevereiro de 2023, em formato presencial e não presencial.

As múltiplas formas de expressão que rompem com as fronteiras tradicionais das disciplinas artísticas, o corte com a ideia de arte como representação, a multiplicidade de possibilidades da experiência estética, as relações entre a arte e a ciência, e muitos outros desafios, exigem novas categorias de pensamento filosófico, cujo afloramento é o objetivo deste 37.º Encontro.

 

As conferências e os debates presenciais do Encontro decorrem em Coimbra, na Faculdade de Letras, com transmissão online por videoconferência através da plataforma Zoom.

 

Sob o formato de congresso, o Encontro será proposto para acreditação para efeitos da carreira docente, na modalidade de formação de curta duração (6h). Possibilidade aberta a docentes no sistema de ensino não superior português. Emissão de certificado a realizar e enviar pelo Cefop.

 

Todos os participantes, independentemente do formato (presencial ou digital), terão acesso a um certificado de participação, documentação do Encontro e oferta de um livro de Filosofia (a entregar presencialmente ou enviar por via postal).

 

PROGRAMA

09h00 – Receção aos participantes

09h15 – Boas-vindas

 

09h20 – Ouverture

A arte no presente: experiência estética e discronia

por António Pedro Pita, Universidade de Coimbra

 

10h15 – Ária

Juízos e epifanias

por Delfim Sardo, Curador e Universidade de Lisboa

 

11h00 – Pausa de colcheia

 

11h30 – Ad libitum

Filosofia, Ciência e Arte: as dobras de um pensamento criativo

por Catarina Pombo Nabais, Universidade de Lisboa

 

12h45 – Scherzando

Extimidade. Arte e Educação

por Paulo Pires do Vale, Comissário do Plano Nacional das Artes

 

13h30 – Intermezzo

 

15h15 – Uníssono ma non Troppo

O papel da análise na experiência estética musical – modos de qualificação do concatenacionismo de Jerrold Levinson

por Tiago Sousa, Universidade do Minho

 

Arte, crítica e política

por Nuno Crespo, Universidade Católica Portuguesa

 

17h00 – Finale

O que é a arte?

por Carlos João Correia, Universidade de Lisboa

 

18h00 – Encerramento dos trabalhos

18h15 – Assembleia Geral da Apf

Conferencistas e resumos das comunicações

 

António Pedro Pita

A arte no presente: experiência estética e discronia

Há um regime de temporalidade e de espacialidade que se manteve relativamente estável durante muito tempo e de cuja metamorfose estamos a fazer a experiência. Aquilo a que a nossa tradição cultural continua a chamar “arte” foi um dos elementos estruturantes desse regime, como pode verificar-se pelo modo como prefigurou suas coordenadas fundamentais no século XV e suas transfigurações na viragem do século XIX para o século XX. A comunicação propõe, por isso, ligar a noção de “presente” à ideia de “discronia”, ensaiar uma compreensão das transformações do estatuto de “(obra de) arte” desde os meados do século XX, aprofundar o conceito de “experiência estética” e assinalar alguns problemas que o “pensamento imanente” da (obra de) arte coloca à filosofia.

 

António Pedro Pita é Professor catedrático da Faculdade de Letras e Investigador do Centro de Estudos Interdisciplinares – CEIS20 / UC. Pertence ao Comité Científico/Conselho Editorial de «Agora – Papeles de Filosofia» (Universidade de Santiago de Compostela), «Revista Filosófica de Coimbra», «Estudos do Século Vinte» (UC), «Arte e Cultura Visual» (UL) «Arte Teoria» (UL), «Intellectus» (UERJ).
Textos recentes diretamente vinculados à comunicação: “Como pensar o presente? Reflexão preliminar” in Cordeiro, António M. Rochette; Dias-Trindade, Sara; Pita, António Pedro (org) «Limites e limiares. Contributos para pensar a sociedade complexa». Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2021, p. 11-18; “Da relação da Arte com a sua época na Europa pós 1945” in Ribeiro, Maria Manuela Tavares; Rollo, Maria Fernanda; Valente, Isabel Maria Freitas; Cunha, Alice (org.), «Cultura e Sociedade na Europa pós 1945. Coimbra: Imprensa da Universidade, 2021, p. 107-121.

 

Delfim Sardo

Juízos e epifanias

A arte vive de protocolos complexos que, em cada momento, colocam a possibilidade do exercício do juízo sob fogo. Desde o modernismo que, sobretudo na estratégia das vanguardas, a noção de teste e de limite está sempre presente, colocando a possibilidade de juízo permanentemente em busca dos seus transcendentais. No entanto, a nossa relação com a obra de arte vive, provavelmente, de epifanias que mobilizam a nossa capacidade de resposta às propostas artísticas. Como podemos, hoje, equacionar estes dois polos desta estranha equação?

Durante a conferência serão apresentadas imagens de obras referidas no texto.

 

Delfim Sardo (Aveiro, 1962) é Curador e Professor na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa e Administrador do Centro Cultural de Belém. Doutorado em Arte Contemporânea pela Universidade de Coimbra, foi Consultor da Fundação Calouste Gulbenkian, Diretor do Centro de Exposições do Centro Cultural de Belém e Programador de Artes Visuais da Culturgest. Foi curador da Representação Portuguesa à Bienal de Veneza em 1999 e co-curador da Representação Portuguesa à Mostra Internazionale di Architettura di Venezia em 2010, ano em que foi Curador-Geral da Trienal de Arquitetura de Lisboa.
Faz parte da equipa de especialistas da Rede Portuguesa de Arte Contemporânea. É autor de vários livros no campo da Teoria da Arte. Escreve regularmente sobre Arte e Arquitetura.

 

Catarina Pombo Nabais

Filosofia, Ciência e Arte: as dobras de um pensamento criativo

Entre os filósofos contemporâneos, Gilles Deleuze é amplamente reconhecido como o pensador mais importante da tripla relação entre filosofia, ciência e arte. No seu último livro, escrito juntamente com Félix Guattari, O que é filosofia? (1991), Deleuze desenha uma nova cartografia do pensamento na qual filosofia, ciência e arte são consideradas as três dimensões, criativas, não hierárquicas do pensamento, correspondendo respetivamente à criação de conceitos (filosofia), de funções (ciência) e de afetos / sensações (arte). Esta será a minha referência fundamental. O desafio que fica assim colocado é o de saber em que medida a filosofia, a ciência e a arte são formas diferentes mas complementares do mesmo pensamento.

 

Catarina Pombo Nabais é PhD em Filosofia Contemporânea pela Universidade Paris 8, com orientação de Jacques Rancière. Investigadora do Departamento de História e Filosofia das Ciências da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (UL). Membro integrado do Centro de Filosofia das Ciências da UL, onde criou a RL (Research Line) “Science-Art-Philosophy-Lab” (2014) e é vice-head do RG “Filosofia da Tecnologia, Ciências Humanas, Arte e Sociedade”. Com uma Pós-graduação em Curadoria da Arte (Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa) é também curadora e coordenadora da galeria “Oficina Impossível” em Lisboa.

 

Paulo Pires do Vale

Extimidade. Arte e Educação

Uma obra de arte pode dilatar o mundo, o horizonte de possibilidades de cada um, e indestinar a vida. Algo que nos é estranho-exterior e, no entanto, experimentado como o mais íntimo. Esse poder da arte – fundamental na formação dos indivíduos e comunidades, e com implicações nas políticas culturais e educativas – será aqui analisado a partir do conceito “extimidade”, definido por Lacan como “exterioridade íntima”.

 

Paulo Pires do Vale é licenciado e Mestre em Filosofia pela FCSH da Universidade Nova de Lisboa. Docente universitário, ensaísta e curador. Foi Presidente da Associação Internacional de Críticos de Arte/Portugal entre 2015 e 2019. Desde 2019, é Comissário do Plano Nacional das Artes, uma estrutura de missão criada pelo Ministério da Cultura e pelo Ministério da Educação.

 

Tiago Sousa

O papel da análise na experiência estética musical – modos de qualificação do concatenacionismo de Jerrold Levinson

Em grande medida, a tese concatenacionista de Jerrold Levinson (1997, 2006, 2015) sobre a experiência estética musical constitui uma tentativa de atenuar a crença comummente partilhada acerca do valor de uma escuta concetualmente informada por esquemas arquitetónicos de grande escala. É também certo, contudo, que o próprio Levinson não nega que a experiência musical orientada arquitetonicamente nos moldes defendidos por autores como Peter Kivy (2011) pode surtir uma satisfação complementar não negligenciável. Desta forma, torna-se claro que, afinal, a diferença entre as posições de pendor concatenacionista e as de pendor aquitetonicista não são tanto de natureza, mas de grau. Importará, assim, esclarecer modos de qualificação do concatenacionismo que permitam uma compreensão musical mais profunda e uma concomitante experiência musical mais rica. Para tal, avanço com cinco tipos de função que a análise concetual e arquitetónica pode desempenhar na apreciação: a orientação, a ampliação, a exploração, a correção e o enquadramento. Explico cada uma delas e defendo a sua plausibilidade e pertinência.

 

Tiago Sousa é doutorado em Filosofia pela Universidade do Minho, com a tese intitulada “A experiência estética musical – Do conceito de música a um modelo autorreferencial do juízo estético”. Publicou alguns artigos na área da Estética Musical e da Filosofia da Arte, com destaque para o artigo “Was Hanslick a Closet Schopenhauerian?” (2017) publicado pela British Journal of Aesthetics. É licenciado e mestre em Música, com especialização em Guitarra Clássica, pela Universidade do Minho. Fez também a licenciatura em Engenharia Eletrotécnica e de Telecomunicações pela Universidade do Porto. Apresenta-se regularmente em público como concertista de guitarra clássica, a solo e em duo.

 

Nuno Crespo

(informação a disponibilizar brevemente)

 

Carlos João Correia

O que é a arte?

Tornou-se trivial a afirmação de que a definição da arte é uma tarefa impossível e, como tal, condenada à partida. Provavelmente em meados do século XX, esta atitude céptica teria sentido, mas, nos dias de hoje, tal não corresponde à verdade. Embora ainda não se possa dizer que se encontrou uma definição consensual, não-problemática de arte, as novas teorias que têm sido propostas estão, a nosso ver, muito próximas de uma delimitação rigorosa do campo específico da atividade artística.

 

Carlos João Correia é Professor Associado da Universidade de Lisboa. Doutorou-se em Filosofia Contemporânea pela mesma Universidade, leccionando no Departamento de Filosofia desde 1980. As suas áreas de investigação são, no essencial, as seguintes: estética e filosofia da arte; romantismo alemão; pensamento clássico indiano. Publicou cerca de 17 livros e mais de 100 artigos científicos. Diretor da revista Philosophy@Lisbon, membro do College Mind-Brain da Universidade de Lisboa e presidente da associação cultural e filosófica “O que é?”. https://ccorreia.academia.edu

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